O Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), apresentado recentemente pelo vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, destaca a importância dos adubos orgânicos no cenário agrícola brasileiro.
Especialistas afirmam que esses produtos têm o potencial não apenas de melhorar as características do solo, mas também de reduzir significativamente a dependência do país em relação aos fertilizantes minerais, cuja importação representa um custo anual de mais de R$ 130 bilhões para o país.
O Brasil é o maior importador mundial de fertilizantes. Em 2023, a estimativa – os números ainda não foram fechados – é de que tenha sido importado mais de 45 milhões de toneladas do produto, com o Mato Grosso, principal produtos do País, na liderança.
A meta do PNF é que, até 2050, metade da demanda brasileira de adubo seja suprida pelo uso de adubos orgânicos, diminuindo a vulnerabilidade a eventos geopolíticos, como conflitos em países produtores de fertilizantes minerais.
O adubo orgânico, produzido a partir da reciclagem de resíduos orgânicos urbanos, industriais e agroindustriais processados na Estação de Tratamento de Esgotos de Jundiaí, destaca-se como uma solução ambientalmente sustentável. Com alto conteúdo de matéria orgânica, substâncias húmicas, microrganismos e macro e micronutrientes, esse composto orgânico contribui não apenas para a saúde do solo, mas também para o aumento da produtividade.
A utilização crescente de fertilizantes orgânicos ganha relevância em um contexto mundial marcado por conflitos, como os envolvendo Ucrânia, Rússia e Israel, países de importância significativa na produção de fertilizantes minerais. As guerras podem causar problemas logísticos e aumentar os custos no comércio internacional, afetando diretamente a disponibilidade e os preços dos fertilizantes minerais, assim como ocorre com o petróleo, devido ao conflito entre Israel e Hamas.
Além dos benefícios ambientais como exemplo de economia circular, o adubo orgânico oferece vantagens agronômicas, promovendo aeração do solo, reduzindo compactação, aumentando a retenção de água e fortalecendo a resistência a períodos de seca. Sua composição rica em macronutrientes e micronutrientes, aliada a uma maior capacidade de troca catiônica, o que influência na estabilidade do solo, disponibilidade de nutrientes, no pH do solo e na reação do solo com fertilizantes e outros, contribuindo para uma eficiência aprimorada da adubação química.
E mais: segundo especialistas, o adubo orgânico não se limita a fornecer nutrientes para o solo e plantas; ele representa uma solução sustentável produzida com responsabilidade ambiental. Elaborado a partir de matérias-primas renováveis, o adubo alinha-se aos princípios do desenvolvimento sustentável e à nova era da agricultura no Brasil.
Ao adotar práticas agrícolas mais sustentáveis e reduzir a dependência de fertilizantes minerais, o Brasil busca não apenas garantir sua segurança alimentar, mas também contribuir para a preservação do meio ambiente e a estabilidade econômica. A incorporação de adubos orgânicos, emerge como uma estratégia promissora nesse caminho.
Fonte: Pensar Agro